domingo, 6 de dezembro de 2009

Marlon e eu!

Não é o “Marley” do livro best seller, aquele brincalhão e carinhoso, que só aprontava. Este é o meu cachorro Marlon e eu nem gostava dele assim. Chato, ranzinza e bravo, qualidades que não foram conquistadas com o decorrer dos anos, praticamente nasceu com esses dons. Marcava território em todos os lugares, pra ele macho que é macho tem que marcar presença. Um cachorro velho a vida toda, não era bagunceiro, nem mordia chinelos, não latia muito e amedrontava qualquer um apenas com o olhar.
Houve momentos engraçados, como no dia em que brigou com uma barata, ela atacava, ela recuava, mas no final, a coitada foi mesmo degustada (Até hoje não sei se ela o atacava, ou tentava fugir), teve também, um dia em que ele expulsou um rato do quintal, lembranças engraçadas e inesquecíveis.
Cachorro desobediente a ponto de esperar o portão fechar na sua cabeça, somente para que ele ficasse aberto. Foram quatorze anos de desobediência, eu sempre irritado dizia: _vai deitar cachorro chato, vai pra sua casa, seu encrenqueiro, vai dormir. Ele rosnava sempre e não ia. Não há como negar seu estilo, um verdadeiro cão de guarda, dono de um corpo malhado, parecia freqüentador de academia, raça fox/vira-lata (que raça), com andar de labrador cheio de marra. E não é que os chatos-ranzinzas também amam...
Certo dia, uma cachorra preta pequena, apareceu no portão, enquanto ela não foi recolhida para seus aposentos, ele não sossegou, e assim foram dez anos de companhia, separável somente com sua partida, foi um verdadeiro amor.
O último de sua árvore genética, o tempo foi passando, as dores chegando, o reflexo diminuindo, os pelos pretos dando lugar aos brancos, ranzinza sempre na dele. Nunca ouvi sequer um choro seu, nem de dor e nem de tristeza. A idade chegou e o dia de sua partida também. Só percebi hoje o quanto gostava dele, quando o vi doente, fraco e sem forças pra prosseguir a jornada.
O olhar triste de desespero da despedida, tanto seu quanto meu, a certeza de que hoje era o último dia neste lugar. Um diagnóstico dado por um estranho que o viu cerca de uns vinte minutos e não conhecia sequer um pedaço da sua história. Prolongar seu sofrimento era apenas fazer com que ele se sentisse desonrado, justo ele um "machão" no sentido da palavra, nem seu território podia marcar mais e de sua pose de labrador, restou um velho cansado e manco.
São marcas do tempo, são as marcas que ninguém e nada escapa. Foi um dia muito triste, acompanhar ele para um destino sem volta, num lugar frio e sem escrúpulos, saber que tudo terminaria com uma simples injeção, saber que aliviaria seu sofrimento e sua dor, mas nos deixaria a sua ausência.
Saber também, que vou sair de casa de manhã e não vou mais sentir sua presença, saber que vou abrir o portão e não vou mais poder brigar com ele por ter saído de casa correndo. O cachorro teimoso! Saber que não vou mais ver seu desfile vira-lata com pinta de labrador, não vou mais presenciar suas brigas com as baratas, nem marcando território, saber que o terei somente nas lembranças e não no carinho e no afeto.
A perca é triste, mesmo que seja para aliviar o sofrimento. É o meu Marlon foi totalmente diferente do “Marley” do best seller. Mas seu final foi praticamente o mesmo e sua perca foi e vai ser sentida com a mesma intensidade, afinal, ele era o meu cachorro, o meu teimoso-ranzinza, o que conviveu comigo quatorze anos e que marcou minha vida toda.
É seu chato, onde você estiver vai fazer muita falta.
Não deixe de aproveitar os momentos com quem você gosta, a vida quando você menos espera te surpreende.. Eu fui surpreendido!

Um comentário:

  1. que cachorro feio.. hahaha

    Fala, meu velho, cê sumiu mano, nem email, nem msn, nem blog, nem nada mais, incomunicável. Queria prosear com você. COmo vão as coisas por aí?
    O neném vai ser menino mano... macho.
    manda notícias.

    saudade mano
    abratz.

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